Na Cabeceira Cap. 13 | #metadeleitura2022 - Utopia

No final de 2021, fiz uma lista dos livros que quero ler neste ano. Não vai ser na sequência que elenquei, pois vou pegando aquele que “sorri para mim”. Comecei com A Utopia, de Thomas More.

Livro "A Utopia", de Thomas More

A primeira coisa a se considerar ao ler a obra é entender o contexto histórico, então, se você ainda não leu nada relacionado à época, não comece com A Utopia.

A Inglaterra estava num momento bem conturbado com o Rei Henrique VIII, que se colocava acima da Igreja Católica para conseguir a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, com fracassos nas tentativas de invasão à França e início de seu governo absolutista. Tendo este cenário, entende-se o porquê de Thomas More colocar as situações descritas no país imaginário como sendo perfeitas.

More foi um intelectual da época, chegou a ser chanceler do governo de Henrique VIII, mas sua não concordância com o rompimento com a Igreja Católica o levou à prisão e à morte, tornando-o mártir.

A Utopia cutuca feridas abertas na sociedade da época e mostrava todas as deficiências da Inglaterra, França e outras potências. Como humanista, More colocou o ser humano em primeiro lugar na escala de importância no mundo, não só em relação aos benefícios e sim em responsabilidades morais e éticas. Longe de justificar as ações humanas inconsequentes e sim responsabilizando-se pelo bem e pelo mal causado nas sociedades.

Lendo este livro, muito vem à mente sobre algumas distopias (lugares imaginários com privação, opressão extrema e estado de desespero); são inversos que têm uma linha muito tênue separando-os. A sociedade perfeita simplesmente não existe, todas têm falhas, quando o que se vende é uma utopia, é quase certo que se trata de uma distopia - a crueldade e rigidez sob o véu de uma suposta felicidade.

Temos, sim, um exemplo muito atual do que estou falando: Coreia do Norte, o país mais fechado do mundo. Eles tentam vender uma imagem de cidadãos felizes e prósperos enquanto a realidade é de fome e opressão.

Inclusive a palavra Utopia foi criada por More, pois antes não existia. Significa o “não-lugar” ou “lugar que não existe”. Hoje, utilizamos esse termo para descrever sociedades ou lugares perfeitos, embora inexistentes.