Na Cabeceira Cap. 15 | Livros e Destinos: Amsterdam
- Bio Cult Cultivando a vida
- 7 de mai. de 2024
- 3 min de leitura
A coluna de hoje une duas coisas que adoro: viagens e livros. Se desse para viver só disso, seria perfeito! (Mas talvez perderia a graça, não é?)
Em 2015, comecei a fazer uma nova coleção e adquirir livros nos países que vou conhecendo. Escolhia previamente o autor e umas duas ou três obras que iria caçar. Pois bem, a primeira aquisição foi O Diário de Anne Frank.
Sempre foi um desejo conhecer a Holanda, principalmente Amsterdam, cidade muito peculiar, a Veneza do Norte. Não decepcionou, mas como o objetivo aqui é falar de livros só digo que se você tiver oportunidade não pense duas vezes e vá para Amsterdam.
Nós mesmos sempre fazemos nosso roteiro, raramente usamos pacotes prontos, pois queremos conhecer alguns lugares que não são tão famosos ou badalados também, mas no caso de Amsterdam não tinha como não ir na Casa Museu onde a família Frank passou seus últimos anos.
Eu já tinha lido o livro antes de ir para lá, na verdade li a obra na adolescência e mais uma vez um pouco antes da viagem. Não é uma leitura fácil, não pelo vocabulário ou pela complexidade das ideias. O difícil é vivenciar aquilo.
Na primeira vez em que li, ainda no ensino médio, foi ainda mais marcante. Ela era tão jovem quanto eu, tinha planos de vida e sonhos. Eu também escrevia diários (que nunca na vida vão virar livro).
Com o passar do tempo a história se assenta na nossa mente e vira uma lembrança, o nosso cérebro faz o trabalho de filtrar o sofrimento e deixar a memória positiva. Aí fui ler novamente e pensei “já li uma vez, não será tão chocante assim”. Muito pelo contrário, pois com o passar dos anos aprendi mais sobre a guerra, sobre as privações, as batalhas urbanas e familiares que a Segunda Guerra trouxe. Alguns anos antes havia visitado um campo de concentração na Alemanha, então todas estas novas informações se misturaram àqueles relatos de uma jovem que tinha toda a vida pela frente. São coisas assim que mudam nossa forma de pensar a vida.
Um elemento bem presente no livro é o badalar do sino da Igreja ao lado, a Igreja ainda está lá e o mesmo sino continua batendo, o que não bateu mais foi o coração da Anne e da maior parte dos integrantes da família e amigos que ali ficaram escondidos. O único sobrevivente entre todos foi o pai, Otto Frank, e ele cumpriu o desejo que sua filha tinha de ser jornalista e escritora publicando seu diário.
A lição que fica? Viva, não reclame do que está ruim. Viva, faça você a diferença onde você estiver. Viva e deixe sua boa marca no mundo.
Sugestões de livros correlatos:
O Diário de Zlata
Zlata tem onze anos e vive em Sarajevo. Mantém um diário, no qual vai registrando seu cotidiano. Mas a guerra eclode na ex-Iugoslávia e irrompe no diário da menina. As preocupações do dia-a-dia desaparecem diante do medo, da raiva, da perplexidade. O universo de Zlata desmorona. "Domingo, 5 de abril de 1992 - Dear Mimmy, Estou tentando me concentrar nos deveres (um livro para ler), mas simplesmente não consigo. Alguma coisa está acontecendo na cidade. Ouvem-se tiros nas colinas. [...] Sente-se que alguma coisa vai acontecer, já está acontecendo, uma terrível desgraça."
A Mala de Hana
Um retrato singelo, mas mostra como era cruel a vida das crianças submetidas ao Holocausto. A história se desenrola em três continentes durante um período de quase setenta anos. Envolve a experiência da garotinha Hana e de sua família na Tchecoslováquia (atual República Tcheca), nas décadas de 1930 e 1940, uma jovem e um grupo de crianças em Tóquio, no Japão, e um homem em Toronto, no Canadá, nos dias de hoje. Um relato que vai sensibilizar a todos para que horrores semelhantes aos que atingiram Hana e outros inocentes nunca voltem a acontecer.
Os meninos que enganavam os nazistas
Essa é uma história real, autobiográfica, cuja espontaneidade, ternura e humor comprovam o triunfo da humanidade e da empatia nos momentos mais sombrios, quando o perigo está sempre à espreita... Os meninos que enganavam nazistas conta a fantástica e emocionante epopeia de duas crianças judias durante a ocupação, narrada por Joseph, o mais jovem.
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