Na Cabeceira Cap. 5 Garimpando tesouros

​​​​​​​A facilidade que temos hoje para adquirir exemplares de livros é fantástica, mas você já parou para pensar em como os livros eram comercializados no passado e como os Sebos atuais são um resgate desta prática?

A realidade que temos hoje oferece a grande parte das pessoas acesso à escola e à alfabetização. Afinal, uma coisa é ouvir uma história, outra é você mesmo poder ler a história.

Até o período da Idade Média, além da grande maioria dos indivíduos serem analfabetos, os livros eram artigos de luxo, fabricados um a um, manualmente, muito caros e difíceis de encontrar. Possuir um livro era sinal de fortuna mesmo dentro de conventos e monastérios.

Tendo isso em mente, é fácil entender que na época livros consistiam parte de heranças, pois tinham seu valor seja pelo conhecimento ali contido, seja pelo item em si.

O comércio de livros e de artigos de segunda mão era muito comum, já que sua produção era lenta e cara.

Entretanto, nos períodos de guerras, mesmo com a facilidade maior de produção, muitos livros acabam sendo considerados nefastos, proibidos e não incentivados.

Novamente aqui encontramos o aquecimento dos livros de segunda mão, muitos recuperados de épocas em que seus pares foram destruídos. Por este motivo, não é errado dizer que garimpamos tesouros ao entrar em um Sebo.

Vivemos um momento em que o mundo celebra uma apologia ao descartável e supérfluo. O valor das coisas está no fato de poder comprar, em vez de estar em como as coisas nos tornam pessoas melhores.

Em contrapartida, há um movimento mundial de valorização ao “vintage”. Uma necessidade de reencontrar o valor das coisas que cria esta sensação de nostalgia.

O verdadeiro valor de um livro está em como ele pode me tornar alguém melhor para o mundo. Um livro usado carrega em si, além do seu conteúdo, a história de quem já o manuseou antes, outras vidas que foram afetadas por aquelas mesmas palavras. Pense nisso na próxima vez que for adquirir um livro para si ou para presentear. Um livro novo, o início de uma história entre você e ele, ou compartilhar a trajetória de um livro que em si, carrega uma história além das palavras.